sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Há vida lá fora?

Pergunte a qualquer profissional de TI com mais de dois anos de experiência se, em algum momento, sua vida pessoal foi sacrificada em detrimento de seu ofício. Tenho absoluta certeza de que em pelo menos 90% dos casos a resposta será afirmativa. É óbvio que esta situação não é exclusividade de nossa amada profissão, que o digam os médicos, advogados, jogadores de futebol e artistas, entre outros. Mas podemos fazer algo no sentido de minimizar o impacto causado pelas horas extras, viradas de noite e fins de semana gastos em prol do trabalho?

Muitas pessoas, quando idealizam o desejo de trabalhar em TI não têm a real noção de certos sacrifícios inerentes à profissão. Plantões, horas extras e sobre-avisos são atividades requeridas com certa freqüência seja no segmento de suporte/infra-estrutura, operação ou desenvolvimento de sistemas. Algumas pessoas ao se depararem com este cenário desestimulam-se e às vezes perdem até mesmo o encanto com a profissão. Entender as razões que nos levam a estarmos praticamente “full time” disponíveis à nossos cliente pode ser um passo para administrarmos melhor esta situação.

Na sociedade da informação, a TI uma vez utilizada torna-se essencial. Uma falha de rede, um “abend” no processamento noturno ou a indisponibilidade de um site podem representar prejuízos inestimáveis que vão desde o aspecto financeiro até a imagem pública das organizações. A velocidade com que os produtos são criados e disponibilizados (ou “Time to market” - TTM) por uma organização pode ser o grande diferencial de um líder de mercado em seu segmento; e a TI, muitas vezes, é o habilitador deste processo. Neste cenário, somos submetidos, várias vezes, à condições extremas de trabalho visando a redução de impactos ou a maximização do lucro.

Podemos e devemos sugerir ações visando diminuição destas situações extremas. Algumas delas requerem algum investimento por parte das organizações, mas o nosso papel é demonstrar que os benefícios vão além do bem-estar dos profissionais (que por si só é um grande argumento). Para a infra-estrutura, por exemplo, trabalhar com redundância de servidores com parte de um plano de contingência é uma prática que apresenta ótimos resultados. Para o desenvolvimento de produtos, o estabelecimento de um acordo de nível de serviço razoável, um sólido levantamento de requisitos e a priorização do portfólio de projetos pelo cliente, alinhado à capacidade de produção são ações que podem minimizar situações em que a equipe é sobrecarregada.

É claro que as ações aqui citadas passam por decisões do corpo executivo ou gerencial das organizações, porém nossa tarefa é propor mudanças e apresentar os benefícios destas iniciativas. Ser a mola matriz deste processo de mudança de mentalidade e atitude é um papel que cabe à todos os profissionais. Vale ressaltar que a pretensão aqui não é extinguir horas extras, plantões e etc., porém quando estas situações são planejadas e controladas, os impactos são muito menores para todos os envolvidos: profissionais, clientes e organizações.

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