terça-feira, 1 de julho de 2008

E o COBOL?

O surgimento do COBOL (COmmon Business Oriented Language) confunde-se com a invenção das linguagens de programação de terceira geração (estruturadas) e, sem dúvidas, sua invenção foi um dos projetos mais bem sucedidos do que se tem notícia, liderado por Grace Murray Hopper (e dizem que mulheres não têm talento para desenvolver software...). Desde o início da década de 90, pelo menos, o fim do COBOL é anunciado pelos arautos da inovação. Porém o COBOL, indiferente e imponente (por que não!?) continua na cena. Firme e forte. Liderando com sobras o segmento de ferramenta de desenvolvimento de software para instituições financeiras em geral. Então, o que faz com que este quase “cinqüentão” tenha tanta longevidade?

Primeiramente, consideremos o cenário que impulsionou a criação deste mito: o COBOL foi idealizado e projetado por um comitê (CODASYL) que envolvia fabricantes de computadores e órgãos governamentais americanos. O propósito do comitê era construir uma linguagem para resolver problemas específicos, “orientada a negócios” como o próprio nome diz. Antes de dar início ao seu desenvolvimento, as linhas gerais do projeto foram traçadas e debatidas pelos envolvidos e este assunto foi esgotado. O tempo de desenvolvimento do projeto foi de 6 meses. Em seguida, analisemos os pilares sobre os quais o COBOL foi construído: confiabilidade, desempenho, escalabilidade, estabilidade e proximidade com a linguagem natural (3GL). O que talvez o torne a ferramenta ideal para o desenvolvimento de softwares voltados ao sistema financeiro é sua capacidade de trabalhar com números extremamente grandes e sua alta performance, frente às outras linguagens disponíveis no mercado. Até os dias atuais o COBOL já viu diversas linguagens de sua geração e de gerações mais recentes como BASIC, Clipper, FORTRAN, VB, Delphi, entre outras nascerem, ficarem obsoletas e cair em desuso. É claro que algumas destas visavam outro segmento de software, porém o absolutismo com o qual o COBOL reina por tanto tempo é algo sem precedentes.

Sendo tão aceito pelo mercado e tendo uma história tão consistente, por que seu fim já foi anunciado tantas vezes? Por que há de profissionais capacitados no mercado? Por que as faculdades não ensinam COBOL hoje em dia? Ora, TI é intrinsecamente ligada à inovação e um quase “cinqüentão” cuja última versão (estruturada) foi especificada em 1985 vai contra tudo isso. Os garotos de hoje se negam a aprender uma linguagem que de repente é dominada por seus pais. Uma linguagem em que é preciso “escrever” o programa ao invés de dar meia dúzia de cliques. Que mal há nisso? Pode ser o costume que nossa geração (anos 80) tem de estar mais inteirado a estes aspectos do que seus pais. Pode ser o interesse das empresas capitalistas em criar “novos produtos” (linguagens de programação) e os lançarem no mercado.

Enfim, o fato é que o COBOL está aí. É uma realidade e enganam-se os que prevêem ou planejam sua extinção. Como muitos profissionais relutam em admitir esta realidade, o mercado continua “pagando o preço” da falta de mão de obra sucumbindo à sua mais antiga lei: a da oferta versus procura. Não quero entrar nos aspectos que tangem à metodologia de desenvolvimento, coeficiente de produtividade, ambiente (sistema operacional) e outros. Tudo isso é periférico. O COBOL pode (e deve) ser adaptado às melhores práticas da engenharia de software. Parafraseando um antigo colega: “E viva o COBOL!”.

2 comentários:

Unknown disse...

Falando sobre Cobol, até que ponto vale a pena se especializar no cinquentão, hoje em dia com certeza é mais facil achar 10 cursos de java do que um de cobol, será um investimento que terá o devido retorno? ja cheguei a ver oportunidades para programadores em cobol, em media pedem 5 anos de experiencia, como está a realidades atual do cobol nas empresas? há oportunidade para iniciantes?
Att
Igor Cardoso

Parabens pelo Blog Pedro! poste mais!

Pedro Henrique Corado disse...

Fala, Igor!

Há oportunidades sim! Sobre treinamento, a solução é procurar. Em Brasília, há várias opções. Há inclusive grandes empresas que oferecem cursos visando formar profissioniais para seu próprio mercado e, inclusive, contratam os melhores alunos logo após a realização do curso.

Só no ano passado, fui requisitado a preencher cerca de 15 vagas e entrevistei cerca de 30 profissionais especializados em COBOL.

Abraço e obrigado pelo comentário!